Não sei se o que eu sou poderia ser chamado de feminista. Eu sou a favor que as mulheres se sintam satisfeitas por serem pessoas, e não se sintam menos - e nem sejam maltratatas - simplesmente por serem mulheres.
Lu, acho que a questão é além da soberania sobre o corpo.
Imagino sim que existam mulheres que se prostituem porque precisam, e porque esse é o caminho que elas conhecem e que funciona. Também imagino que existam mulheres que se acham espertas em cobrar dos homens o que fariam de graça.
Mas acima de tudo, eu acredito que ninguém seja um personagem livre de valores morais. E que muitas dessas mulheres tiveram conflitos internos morais inimagináveis, porque precisavam do dinheiro. Sabe, eu conheci uma prostituta e ela não era assim tão diferente de mim, não era aquele estereótipo de mulher desavergonhada. Não perguntei por que ela entrou nessa, mas imagino o quanto ela se condenou por ter entrado na prostituição... a vergonha por ser tratada como igual era palpável. Talvez ela não achasse que merecesse ser tradada bem?
Sobre ser soberana do corpo.. só porque eu sou dona do meu corpo não quer dizer que eu possa fazer tudo o que eu quiser sem auto julgamento - a famosa ressaca moral. As pessoas precisam de uma boa dose de autoconhecimento para saber até onde as ações do corpo não vão prejudicar a alma (num sentido não religioso). Aposto que todo mundo tem alguma coisa que já fez e que sente uma profunda vergonha só de lembrar.. e por isso enterrou a memória beeeem fundo.
Há outra questão: as pessoas precisam parar de pensar que mulher não gosta de sexo (aliás, se a gente quiser, consegue sexo mil vezes mais fácil que os homens). Sim, eu faço sexo sem cobrar, porque eu gosto! Isso não tem sentido! Não é nenhum sacrifício pra mim, para que cobrar dinheiro? Eu sei o meu valor, não preciso que me avaliem em notas de Real.
A vergonha tá toda na questão dos valores morais. Depende de quais valores preciosos para si próprias essas mulheres tiveram que passar por cima.
O valor que cada pessoa se dá tá na quantidade de amor-próprio. Não é dinheiro que dita o quanto você vale! That's silly!